sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Orgasmo harmônico



Sem ter pena das atitudes corriqueiras,

Acordo no meio da meia-noite

Como se ouvisse a melhor orquestra,

Numa camerata explosiva,

Tocando uma música desafinada.


Perdida em meios a sóis e sis,

Sustenidos, bemóis

Sustenidos e bemóis.


Uma música que corre tal partitura,

Como os corpos que se envolvem no sexo frenético,

Ouvindo allegros ou dançando valsas e boleros.


Sustenidos, bemóis

Sustenidos e bemóis.


Em cima, em baixo. Pra cima, pra baixo.

Ou pra dentro,e pra fora,

Entrando e saindo.

Criando sons inaudíveis a nossa ínfima percepção.

Um som completo, para um ouvido perfeito

Tudo escuta, tudo diz – mesmo sem abrir a boca.


Ser onipotente,

Frente ao som feito pelo cenho franzido.

Pelo gemido mais oculto,

Pelo respiro mais reprimido dentro do peito.

É como ouvir o ruído feito pela gota de suor,

Caída no rosto, pousada no queixo.


Ofegância que é música.

Música descompassada, partitura rompida.

Desejo realizado, orgasmo harmônico.


Lucas Badaró


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