domingo, 22 de agosto de 2010

Horário Eleitoral é um bom programa


Não falem mal, por favor, do Horário Eleitoral. É coisa que os jornalistas adoram difamar, mas penso que se enganam.

Me parece o ideal de todo programa de TV: informativo e divertido.

Ali podemos, de fato, conhecer os candidatos.

Mas não são maquiados pelos famosos marketeiros? Isso eu acho um mito.

Sou um ingênuo, não há dúvida, mas acredito que quem impõe sua personalidae é o candidato. O cara do marketing é quem navega em suas águas, não o inverso.

Na noite de estréia, os principais candidatos entraram com estilos opostos.

José Serra busca o intimismo: o um a um. Conversa daqui, conversa dali, é o sujeito que escuta nossas dores, mostra-se disponível, aquele vizinho que gosta de ajudar todo mundo.

Para ele parece que os problemas nacionais são, antes de tudo, problemas pessoais.

Me pareceu, nesse primeiro dia, que esse tipo de abordagem pode emplacar mais para prefeito, para governador no máximo. Mas é uma marca, sem dúvida.

Marina Silva segue na linha inversa e, em seu caso, me pareceu um tanto incompreensível. Ela parece candidata a presidente do mundo, não do Brasil.

Pelo partido New Age, não pelos Verdes.

Toda a pré-campanha dela dedicou-se a demonstrar que a ecologia é um ponto de partida, mas não exclui a observação geral dos problemas do país.

O primeiro programa, ao contrário, era só falar de água, árvore, planeta. Questões sem dúvida pertinentes, mas genéricas.

Dilma buscou uma abordagem mais de certo modo mais convencional do que as anteriores, o que não quer dizer que seja ineficaz.

Tudo começava num abraço entre Oiapoque e Chuí, Norte e Sul. Ou Lula e Dilma. Já se pode ver por aí a dimensão das coisas.

Em seguida, a candidata aparecia nos lugares possíveis, como numa superprodução, como se pretendesse ressaltar o dom da ubiquidade de que devem ser dotados os presidentes da República.

Passou uma imagem nacional, se se quiser. Ao mesmo tempo, tínhamos na tela uma mulher sorridente, a quem se pode pedir informações na rua, por exemplo. Nada de dama de ferro. Parece que o Brasil não quer isso. Segundo Lula, quer uma mãe. Veremos.

A rigor, os nanicos são os que mais despertam minha curiosidade. Não quero saber se Dilma teve infância feliz ou se Serra nasceu na mais completa miséria.

Queria saber quem foi Levy Fidelix na infância. O que o levou a se tornar quem é. Que obsessões o conduziram a ver no aerotrem uma espécie de panacéia universal. E o que, sobretudo, o conduziu a ser, na estréia do Horário, talvez o primeiro candidato do mundo a fazer merchandising, já que apareceu cercado de uma série de pacotes de leite, açúcar, milho, o diabo a quatro.

Claro, há Eymael também. "O" democrata cristão. Uma espécie de velho amigo. Eu o conheci era moço. Hoje já é um senhor. Tantas candidaturas. O que se ganhará com isso? Deve haver algum ganho, porque há décadas quem vota nele ou é da família ou é por escárnio.

E depois há os da esquerda. Os ideológicos. O mais interessante, no caso, me pareceu o do Partido Comunista. Um carioca simpático, nada a ver com seu velho líder Stalin.

Os demais da esquerda, em geral aparecem há anos, são o PSTU, o PCO. Sempre reclamam que lhes falta tempo. Mas, caramba, para que mais tempo se no pouco tempo de que dispõem faz décadas que falam a mesma coisa?

Por Inácio Araujo às 06h39 Blog do Inácio Araújo – UOL Cinema

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