sexta-feira, 9 de maio de 2014

Ducéu, há quatro anos...

Vou contar a vocês como eu me lembro do Padre Ducéu.

Há quatro anos, Jaguaruana perdia um dos seus filhos mais diletos.

Adormecia, nos braços do Pai celestial, o Mons. Raimundo de Sales Façanha, nosso querido Pe. Ducéu.

A idade, a doença e o tempo, num misto que sempre testa a força de nossa existência, fizeram de Ducéu mais um morador do campo celestial.

E foi triste, foi muito triste.

Pensava: - Eu perdi um amigo e a cidade perdeu seu pastor.

A caminhada do cemitério de volta pra casa, fez-me pensar o quão dolorosos foram aqueles passos e como eu deveria me lembrar de sua trajetória.

De lá para cá, passaram-se 4 anos e a memória não me deixou esquecer a marca de amor que Ducéu imprimiu em sua peregrinação terrestre e em seu ministério.

Em Jaguaruana, os que me conhecem, sabem o quanto sou admirador da vida do Mons. Ducéu. Não foi sua morte que tornou admirável. Pude acompanhá-lo, de perto, até pouco antes de sua partida definitiva, o que me deu a chance de perceber como o padre era incrivelmente sábio, sincero, apaixonado por seu ofício sacerdotal e humano. Isto mesmo, humano. Por isso, carregava uma série de defeitos que qualquer homem pode vir a desenvolver. E mesmo sendo seu devotado admirador, nunca me abstive de destacar tais características de sua imagem.

Mas não se trata disso.

Trata-se de ressaltar seus acertos e a forma apaixonada como ele exercia seu ministério. Trata-se de rememorar as inúmeras vezes que vi e ouvi o padre Duceú dizer que "faria tudo outra vez, se preciso fosse", como que se entoasse a canção de Gonzaguinha.

Ducéu tinha o gosto simples - e como isto faz falta. Era humilde até no caminhar. O carro, era popular. As roupas, simples, monocromáticas, amassadas, até manchadas, esperando pelo amor e carinho da Dona Fátima, que cuidava do seu guarda roupas. Nos últimos tempos, Lúcia, dona Ireuda e outros amigos ajudam nestas tarefas e muito mais.

Ducéu era sincero. Raça de víboras! Disse certa vez na sacristia da igreja; pouco se lembrarão para quem e porque. Outra vez, transcreveu num lugar muito especial, parte do Magnificat que preconiza Deus ser aquele que "destrona os poderosos e eleva os humildes" Lucas 1,25. E não demorou para aqueles que têm olhos verem que ele tinha razão.

Ducéu era missionário. Celebrar às 7h na matriz, às 9h no Borges, às 11h na Santa Luzia, às 15h no Gigui, às 17h no São José, às 19h na matriz. Tudo isso num único domingo. Era comum. Às vezes sozinho, às vezes na companhia do Sebastião, outras vezes com meu amigo João Michell, outro dia comigo, nos últimos dias, com Lúcia.

Ducéu faz falta. Mas sempre que o povo de Jaguaruana ouvir este nome, tenho certeza que o som reacenderá uma feliz lembrança que preencherá o espaço que o amigo deixou em nós. 

Mesmo afetados pela dor da perda, as memórias sobre o padré Ducéu, com certeza sempre virão acompanhadas de um sorriso.

É assim que me lembro do amigo Padre Ducéu.

E você, já pensou como gostaria de ser lembrado?

Obs.: Gostaria de me dirigir aos amigos e leitores que não concordam com minhas ideias. Por favor, ataquem a mim. Respeitem a memória do Ducéu. Ele nunca escreveu nem pediu a ninguém que escrevessem sobre ele. Faço isso porque o amo e o admiro. E tenho orgulho de dizer isso. Logo, se há alguém que merece críticas, este alguém sou eu.

Atenciosamente,

Kamillo Karol