Sem ter pena das atitudes corriqueiras,
Acordo no meio da meia-noite
Como se ouvisse a melhor orquestra,
Numa camerata explosiva,
Tocando uma música desafinada.
Perdida em meios a sóis e sis,
Sustenidos, bemóis
Sustenidos e bemóis.
Uma música que corre tal partitura,
Como os corpos que se envolvem no sexo frenético,
Ouvindo allegros ou dançando valsas e boleros.
Sustenidos, bemóis
Sustenidos e bemóis.
Em cima, em baixo. Pra cima, pra baixo.
Ou pra dentro,e pra fora,
Entrando e saindo.
Criando sons inaudíveis a nossa ínfima percepção.
Um som completo, para um ouvido perfeito
Tudo escuta, tudo diz – mesmo sem abrir a boca.
Ser onipotente,
Frente ao som feito pelo cenho franzido.
Pelo gemido mais oculto,
Pelo respiro mais reprimido dentro do peito.
É como ouvir o ruído feito pela gota de suor,
Caída no rosto, pousada no queixo.
Ofegância que é música.
Música descompassada, partitura rompida.
Desejo realizado, orgasmo harmônico.
Lucas Badaró
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