quinta-feira, 30 de junho de 2011

UFERSA - Por que Jaguaruana...

Jaguaruana está pleiteando junto ao Governo Federal, um Campus avançado da Universidade Federal Rural do Semi-árido.
Entrar neste projeto significa para o povo daquela região o desejo de ser um lugar referencial para o desenvolvimento do Vale do Jaguaribe.
A tradição das Universidades Rurais, iniciada no fim da década de 1960, vê-se retomada nas útimas gestões federais e na iniciativa que o Governo da presidente Dilma Roussef promove, que é a de formação local para os jovem nascidos nos municípios interioranos. O intento, legitmo e, de certa forma, até afetuoso, responde à demanda - que ouso dizer, secular - por formação e por estabelecimento na sua própria terra de nascimento.
Como vem acontecendo, a possibilidade de formação e o mercado de trabalho nas cidades interioranas é deveras restrito e por isso, as famílias têm tido várias gerações que se mudam para os grandes centro - no caso do Ceará - Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte - para estudar e trabalhar. Nestas cidades, os cursos universitários oferecidos os são por instituições particulares, fato este que ainda exclui parte da população, que como brasileiros, contribuem para o desenvolvimento do país e que portanto, deveriam ter o direito de estudar e se formar numa universidade pública como acontece em algumas partes do país.
De todos os municípios que declinaram nomes para receber o campus da UFERSA, Jaguaruana detém as melhores condições técnicas, já tão propaladas pelos defensores do projeto. A cidade é centro geográfico para as cidades de Icapuí, Fortim, Aracati, Itaiçaba, Palhano, Russas e Quixeré. Estes municípios juntos representam quase 50% da população do Vale do Jaguaribe; 44,1% das matrículas do Ensino Médio. Jaguaruana também é a cidade mais próxima de Mossoró, onde fica a sede da UFERSA.
Diante de todas estas condições, vislumbradas pelo ponto de vista técnico, sobrevém ainda as característas morais. O povo da cidade deseja o campus da universidade! Vê-se nos olhos das pessoas mais simples da cidade o "bem querer" por algo concreto que ainda não existe. São pais e mães das crianças do 5º ano do Ensino Fundamental que dizem: "Meus filhos vão estudar nesta universidade que vem por aí!" As afirmações se tornam, como afirma o poeta Thiago de Melo, uma "verdade de sentido." Isto é, uma história, que narra algo que não ocorreu mas que constitui sentido para quem conta. Quem fala a respeito do futuro campus da UFERSA em Jaguaruana, acredita nele! Assim como todos os moradores da nossa cidade que hoje, em vossos olhos, com olhos de quem pede, conclama os presentes a confirmar este desejo.
O Vale precisa e Jaguaruana, assim como precisa, também merece o campus da UFERSA em suas terras.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

REDAÇÃO DE ESTUDANTE CARIOCA VENCE CONCURSO DA UNESCO COM 50.000 PARTICIPANTES

Imperdível para amantes da língua portuguesa, e claro também para Professores. Isso é o que eu chamo de jeito mágico de juntar palavras simples para formar belas frases.

Tema:'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
Por Clarice Zeitel Vianna Silva
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - RJ


'PÁTRIA MADRASTA VIL'
Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!
A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão..
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um lider que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?



Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'.

A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.


domingo, 12 de junho de 2011

Se eu morrer antes de você



Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo…
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
-”Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto!”
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu.
“Ser seu amigo, já é um pedaço dele…”

Chico Xavier

domingo, 5 de junho de 2011

Padre Ducéu é eterno.


Amigo Ducéu,
Um ano após sua partida, parei para pensar e escrever este texto.
A saudade e a imensa falta teimam em apertar o peito e não me dão chance para conter as lágrimas.
Sei que perdi muitos amigos; alguns, o tempo levou, outros foram levados pela vida e uns poucos - estes muito caros - fora levados pela morte, que Francisco via como irmã...
Naquele dia, há um ano atrás, a dor cegava os olhos da alma e não me deixava enxergar o objetivo de sua missão.
O primeiro texto que escrevi sobre sua partida era repleto de esperança, mas guardava tristeza. O primeiro texto que li, obra de um amigo nosso, não vertia a água, que lava e acalma, mas sim, sangue, que teima em sujar até mesmo as mais belas intenções de qualquer história.
Eram discursos de quem não aceitava sua morte, mesmo sabendo, bem lá no fundo da racionalidade, que a morte é a única coisa que não podemos deixar de aceitar.
Depois de tanto caminhar, da Matriz de Jaguaruana ao cemitério da cidade, somente naquele dia pude perceber a intensidade da distância, que pode um corpo suportar quando tem que ser levado ao seu último lugar de descanso. Logo eu, que tinha acompanhado o amigo a tantos lugares, não pensava ter que percorrer este caminho tão cedo. Nem o padre, tenho certeza, tinha consciência do "fim de sua peregrinação terrestre..."
Precisei de um tempo para começar a aceitar o fato e a enxergar a vida que não se encerra, a vida que permanece através do exemplo, dos sentimentos, da alegria, das histórias e das memórias.
Comecei a experimentar sua eternidade através dos sonhos, quando por vezes acordei e tive povoada minha consciência por sua lembrança.
Após os sonhos, vieram os depoimentos dos amigos, das pessoas mais próximas, dos que, sobretudo, sentem sua falta. Estes, são a maioria...
Neste meio tempo, tive que enfrentar também alguns poucos que gostam de ferir minha alma tentando diminuir sua história. Não conseguiram... Sei que nesta missão nunca obterão sucesso.
Depois de um ano de intensas saudades, compreendo que meu amigo não morreu.
Padre Ducéu é eterno.